sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Família, Pronto-Socorro de Espíritos, Educandário da Vida.


Assim começa o item oito, no capítulo dezesseis, do Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Os laços do sangue não estabelecem necessariamente vínculos entre os espíritos.”
Nesta premissa já temos a elucidação de que a família é realmente um pronto-socorro de espíritos.

Digo isso porque, o Espiritismo nos revela a imortalidade da alma, que, enquanto espíritos, somos eternos e precisamos da reencarnação como oportunidade de ajustamento moral, intelectual e espiritual. A família, então, se estabelece como primaz para o ajustamento do espírito em processo de evolução e, consequentemente, torna-se também o educandário da vida.

Continua ainda no item oito do evangelho: 

“Os Espíritos que encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são, na maioria das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros, divididos por antipatias igualmente anteriores, que se expressam na Terra por um mútuo antagonismo, a fim de lhes servir de provação.”

Daí, podemos concluir que neste processo de ajustamento ao qual o espírito se propõe realizar, inclui o encontro com os afetos e possíveis desafetos de vidas pregressas no intuito de estabelecer as melhorias necessárias para seu aprimoramento. Entretanto, sabedor das dificuldades que estes encontros podem envidar, o espírito familiar deve buscar equilíbrio na prática constante da resignação, paciência, perdão e, sem dúvidas, do amor.

Afirma o espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, no Livro Constelação Familiar que:

A família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade.”

Complementa:

“No pequeno grupo doméstico inicia-se a experiência da fraternidade universal, ensaiando-se os passos para os nobres cometimentos em favor da construção da sociedade equilibrada. Em razão disso, toda vez que a família se entibia ou se enfraquece a sociedade experimenta conflitos, abalada nas suas estruturas.”

E no Livro SOS Família, afirma também: “A família, por essa razão, tornou-se a célula máter do organismo social onde se desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o espírito desperta para as realizações superiores da vida.”

Diante destes comentários qual será realmente o papel da família?

Ouso afirmar que a família formada pelos pais, filhos, avós, tios, netos e demais membros deste clã, tem como principais responsabilidades e obrigações, acolher, preparar, educar, ajustar, formar seus membros para os enfrentamentos da relação interna (intrafamiliar) e externa (com a sociedade).

Se dentro da família as relações são desarmônicas e sem o exercício da compreensão mútua, os membros por ela formados serão despreparados para a relação com a outra família, que é a família universal, vulgarmente conhecida como sociedade. Entendamos sociedade como os outros agentes dos relacionamentos estabelecidos pelo espírito na convivência comum, conhecidos como rua, bairro, distrito, cidade, estado, nação.

Ainda no Capítulo dezesseis do Evangelho Segundo o Espiritismo, item nove, sob o tema “A ingratidão dos filhos e os laços de família”, o espírito Santo Agostinho traz alguns esclarecimentos e alertas, a saber:

“Ó espíritas! Compreendei agora o papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do Espaço para progredir; inteira-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma: esta é a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se a cumprirdes fielmente. Os vossos cuidados e educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro.”

E continua: “Mães, abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei com vós mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei por merecer os gozos divinos que Deus associou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer.”

Mas também esclarece, a fim de atenuar a caminhada e o peso da dor e de possíveis sofrimentos de alguns envolvidos na família, sem aliviar a responsabilidade:

“Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se alguém não consegue cumprir, não é que lhe falte possibilidade: falta a vontade.”

“De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Alguém que suporta com coragem a miséria e as privações materiais sucumbe ao peso das amarguras domésticas, torturado pela ingratidão dos seus.”

Uma vez a família realizando a contento sua missão de socorrer com amor e generosidade o espírito reencarnante, promovendo assim a proposta de ajustá-lo moralmente, educando, orientando, protegendo e elevando seus sentimentos fraternalmente alcança seu objetivo principal. (grifo próprio)

No capítulo quatro do Evangelho Segundo o Espiritismo, item dezenove, temos a seguinte explicação:

“Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns, e de progresso para outros. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e por efeito dos cuidados que destes recebem. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se apagam. É desse modo que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.”

Isso tudo se explica apenas com uma palavra: AMOR!

Assim Jesus deixou seu legado e sempre vigorará, pois fez questão de afirmar que amar a Deus é amar ao próximo. E o que é a família senão a união de Espíritos próximos e afins!

O espírito Fénelon no capítulo onze do Evangelho Segundo o Espiritismo, item nove, afirma sobre a “Lei do Amor”: “O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último tendes no fundo do coração a centelha desse fogo sagrado.”

E no item oito, afirma: “O amor resume a doutrina de Jesus inteira, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.”

E complementa: “Feliz aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece a miséria da alma nem a do corpo; seus pés são ligeiros e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra – AMOR, os povos estremeceram e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.”

Fecho esta humilde compilação de recortes da Doutrina Espírita, sobre família, com um curto texto, que trata também a necessidade da FÉ em prática constante, trazendo a presença de DEUS no lar como forma de amparo e proteção, do Livro Constelação Familiar, Espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Franco, no artigo “Família em Plenitude”:

Assim sendo, não se pode descartar a ausência de uma conduta espiritual no lar, de um nobre comportamento religioso, sem fanatismo, libertador, tolerante, entre os seus diversos membros, que sempre terão a quê recorrer, quando nos momentos difíceis ou nas situações penosas da vida terrestre.”
“Atingindo, desse modo, a situação de harmonia e de entrega dos filhos à sociedade, a família, alcançando a plenitude, torna-se modelo que servirá de estímulo para outros grupos humanos que se atormentam nas lutas diárias do lar, explodindo nos conflitos sociais das ruas e das comunidades por falta da harmonia que a educação moral e intelectual bem conduzida consegue realizar.”
“Bem-aventurado o arquipélago familiar onde Deus reúne os espíritos para a construção do amor universal, partindo do grupo consanguíneo, no qual predominam os impositivos da carne, para a expansão da solidariedade, do respeito, da harmonia e da verdadeira fraternidade entre todos os seres humanos!”

Cabe a reflexão:

“Enquanto família, consanguínea ou universal, cumprimos ou não os propósitos Divinos?”