sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Bem-aventurados os que são misericordiosos

No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 10, temos o aprofundamento deste tema, a misericórdia. Tomo aqui a ousadia de compilar textos deste livro para que possamos refletir sobre o mesmo e avaliamos se somos ou estamos em condição de obter a misericórdia.
Segundo o dicionário da língua portuguesa Misericórdia significa:
      Compaixão e bondade que se manifesta pela miséria alheia; (Dicionário Informal)
      Benevolência, perdão e bondade em uma variedade de contextos éticos, religiosos, sociais e legais. (Wikipédia)
Durante “O Sermão do Monte” Jesus nos dita a lista das bem-aventuranças, visando orientar a multidão que o seguia, sugerindo assim adotá-las como um código de conduta moral. E Eis que afirma:
      Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Mateus 5:7)
E porque é tão importante ser misericordioso?
A resposta está no próprio evangelho:
Se perdoardes aos homens as faltas que cometem contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados. (Mateus, 6:14 e 15)
A misericórdia é o complemento da doçura; porque aquele que não é misericordioso não será também dócil nem pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. (ESE-Cap. 10 – Item 4)
No entanto é necessário seguir um caminho para alcançar a misericórdia a sabe:
1 - Reconciliar-se com seus adversários:
5. Reconciliai-vos o mais cedo possível com vosso adversário, enquanto estiverdes com ele a caminho, para que não suceda que o vosso adversário vos entregue ao juiz e que o juiz vos leve ao ministro da justiça, e que sejais mandado para a prisão. Eu vos digo, em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil. (Mateus, 5:25 e 26)
Temos a obrigação moral de tentar aparar as arestas das nossas relações, pois sem isso somos iguais aos que julgamos errar.
2 – Tirar “O argueiro e a trave no olho”:
9. Por que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, vós que não vedes uma trave no vosso? Ou como dizeis ao vosso irmão: Deixai-me tirar um argueiro do vosso olho, vós que tendes uma trave no vosso? Hipócritas, retirai primeiramente a trave de vosso olho, e então vereis como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (Mateus, 7:3 a 5)
Temos o hábito de observar a conduta das pessoas, julgar e considerar que o outro erra e que nós somos perfeitos. Este é um ato egocêntrico e que vai muito de encontro a tudo que consideramos certos diante de Deus.
É necessário fazer uma introspecção e mergulhar no autoconhecimento!
3 - Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra:
11. Não julgueis, para não serdes julgados; pois sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; e aplicar-se-á a vós, na mesma medida, aquilo que aplicastes contra eles. (Mateus, 7:1 e 2)
12. Então os escribas e os fariseus levaram-Lhe uma mulher que havia sido surpreendida em adultério,.....
Lembramos então esta passagem da mulher adultera que foi levada diante de Jesus para julgamento. Como ato de nobreza do Mestre fez àqueles que a levaram refletir sobre suas próprias falhas e desta forma todos que ali estavam foram saindo um-a-um. Foi quando Jesus perguntou a mulher: Onde estão os que te acusavam? E ela responde: Foram todos senhor! E Jesus cheio de amor a diz: Então eu não tenho do que te julgar. Contudo transferiu para a mesma toda responsabilidade sobre seus atos de antes e do futuro afirmando: “Vais e não peques mais.”
4 - O Perdão das Ofensas:
14. Quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Deveis perdoar-lhe não sete vezes, mas sim setenta vezes sete vezes. Eis um dos ensinamentos de Jesus que mais deve marcar vossa inteligência e falar mais diretamente ao vosso coração. Comparai estas palavras de misericórdia com a prece tão simples, tão resumida e tão elevada no seu alcance, o Pai-Nosso que Jesus ensinou a seus discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento.
O perdão é libertador. Alivia o coração das aflições, das dores, da mágoa, da raiva. Livra-nos das doenças do coração e da alma. Perdoar ao próximo e a si mesmo nos traz o estado de felicidade.
Enfim é preciso “Ser misericordioso para alcançar misericórdia.” E vejo esta tradução com o texto contido no item “O HOMEM DE BEM”:
O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Questiona sua consciência sobre seus próprios atos, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se negligenciou  voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem queixa dele, enfim, se fez aos outros tudo o que gostaria que lhe fizessem. (ESE-Cap. 17, item 3)
E veja o que afirma Rodolfo Calligaris no seu Livro O Sermão da Montanha:
      “Ser misericordioso é compadecer-nos da miséria alheia. Seja da miséria material, nas formas de indigência, do abandono ou da enfermidade, seja da miséria espiritual, caracterizada pelas mil facetas da imperfeição humana.”
Fato indiscutível e de alta relevância, que devemos ter como conduta em nossa vida!
Em resumo o que é ser MISERICORDIOSO?
      Amar ao próximo como a si mesmo;
      Reconciliar-se com o inimigo;
      Praticar o perdão;
      Ser indulgente;
      Fazer o bem sem esperar recompensa;
      Se entender como pecador, tanto quanto os outros, e fazer todo esforço possível para não cometer erros;
Está ai uma pequena lista de atitudes que devemos tomar para realmente sermos misericordiosos.
Para encerrar, nos afirmamos espíritas, mas muitas vezes o argueiro dos olhos, as mágoas de nossos corações, o ódio, o remorso, a inveja, estre outros sentimentos doentios que adotamos em nossas vidas nos impedem de estarmos honrado este sério compromisso de ser espírita e muito mais que isso “SER CRISTÃO”:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más tendências.” (ESE-Cap. 17, item 4).

Desejo de coração que sejamos MISERICORDIOSOS, para que enfim possamos obter a MISERICORDIA!

domingo, 15 de outubro de 2017

Espiritismo, Família Universal




Das batidas à escrita
Da escrita à aparição
Da aparição à incorporação
Da incorporação à revelação

Da dúvida à certeza
Da certeza à esperança
Da esperança à solução
Da solução à consolação

Ele, o Espiritismo,
Surge para esclarecer
Surge para desenvolver
Surge para humanizar

Traz à luz da ração
Porque é ciência, filosofia e religião
Porque Jesus nos prometeu
Que deixaria o Consolador

E depois de um século e meio
Esta Doutrina de amor
Enche de calor os corações
D’àqueles que procuram respostas

E ao descobrir a resposta
Percebe então que muito falta
Para, portanto, conhecer
Não apenas no aprofundamento
Das leis morais às leis Divinas

Mas, a si mesmo e todo irmão
Para enfim entender
Que Deus finalmente nos fez
Filhos de uma só Família Universal.

Fernando Oliveira
Mensagem escrita durante ultima palestra do 17º CONECE em 14.10.2017

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Família, Pronto-Socorro de Espíritos, Educandário da Vida.


Assim começa o item oito, no capítulo dezesseis, do Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Os laços do sangue não estabelecem necessariamente vínculos entre os espíritos.”
Nesta premissa já temos a elucidação de que a família é realmente um pronto-socorro de espíritos.

Digo isso porque, o Espiritismo nos revela a imortalidade da alma, que, enquanto espíritos, somos eternos e precisamos da reencarnação como oportunidade de ajustamento moral, intelectual e espiritual. A família, então, se estabelece como primaz para o ajustamento do espírito em processo de evolução e, consequentemente, torna-se também o educandário da vida.

Continua ainda no item oito do evangelho: 

“Os Espíritos que encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são, na maioria das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros, divididos por antipatias igualmente anteriores, que se expressam na Terra por um mútuo antagonismo, a fim de lhes servir de provação.”

Daí, podemos concluir que neste processo de ajustamento ao qual o espírito se propõe realizar, inclui o encontro com os afetos e possíveis desafetos de vidas pregressas no intuito de estabelecer as melhorias necessárias para seu aprimoramento. Entretanto, sabedor das dificuldades que estes encontros podem envidar, o espírito familiar deve buscar equilíbrio na prática constante da resignação, paciência, perdão e, sem dúvidas, do amor.

Afirma o espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, no Livro Constelação Familiar que:

A família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade.”

Complementa:

“No pequeno grupo doméstico inicia-se a experiência da fraternidade universal, ensaiando-se os passos para os nobres cometimentos em favor da construção da sociedade equilibrada. Em razão disso, toda vez que a família se entibia ou se enfraquece a sociedade experimenta conflitos, abalada nas suas estruturas.”

E no Livro SOS Família, afirma também: “A família, por essa razão, tornou-se a célula máter do organismo social onde se desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o espírito desperta para as realizações superiores da vida.”

Diante destes comentários qual será realmente o papel da família?

Ouso afirmar que a família formada pelos pais, filhos, avós, tios, netos e demais membros deste clã, tem como principais responsabilidades e obrigações, acolher, preparar, educar, ajustar, formar seus membros para os enfrentamentos da relação interna (intrafamiliar) e externa (com a sociedade).

Se dentro da família as relações são desarmônicas e sem o exercício da compreensão mútua, os membros por ela formados serão despreparados para a relação com a outra família, que é a família universal, vulgarmente conhecida como sociedade. Entendamos sociedade como os outros agentes dos relacionamentos estabelecidos pelo espírito na convivência comum, conhecidos como rua, bairro, distrito, cidade, estado, nação.

Ainda no Capítulo dezesseis do Evangelho Segundo o Espiritismo, item nove, sob o tema “A ingratidão dos filhos e os laços de família”, o espírito Santo Agostinho traz alguns esclarecimentos e alertas, a saber:

“Ó espíritas! Compreendei agora o papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do Espaço para progredir; inteira-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma: esta é a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se a cumprirdes fielmente. Os vossos cuidados e educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro.”

E continua: “Mães, abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei com vós mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei por merecer os gozos divinos que Deus associou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer.”

Mas também esclarece, a fim de atenuar a caminhada e o peso da dor e de possíveis sofrimentos de alguns envolvidos na família, sem aliviar a responsabilidade:

“Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se alguém não consegue cumprir, não é que lhe falte possibilidade: falta a vontade.”

“De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Alguém que suporta com coragem a miséria e as privações materiais sucumbe ao peso das amarguras domésticas, torturado pela ingratidão dos seus.”

Uma vez a família realizando a contento sua missão de socorrer com amor e generosidade o espírito reencarnante, promovendo assim a proposta de ajustá-lo moralmente, educando, orientando, protegendo e elevando seus sentimentos fraternalmente alcança seu objetivo principal. (grifo próprio)

No capítulo quatro do Evangelho Segundo o Espiritismo, item dezenove, temos a seguinte explicação:

“Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns, e de progresso para outros. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e por efeito dos cuidados que destes recebem. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se apagam. É desse modo que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.”

Isso tudo se explica apenas com uma palavra: AMOR!

Assim Jesus deixou seu legado e sempre vigorará, pois fez questão de afirmar que amar a Deus é amar ao próximo. E o que é a família senão a união de Espíritos próximos e afins!

O espírito Fénelon no capítulo onze do Evangelho Segundo o Espiritismo, item nove, afirma sobre a “Lei do Amor”: “O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último tendes no fundo do coração a centelha desse fogo sagrado.”

E no item oito, afirma: “O amor resume a doutrina de Jesus inteira, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.”

E complementa: “Feliz aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece a miséria da alma nem a do corpo; seus pés são ligeiros e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra – AMOR, os povos estremeceram e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.”

Fecho esta humilde compilação de recortes da Doutrina Espírita, sobre família, com um curto texto, que trata também a necessidade da FÉ em prática constante, trazendo a presença de DEUS no lar como forma de amparo e proteção, do Livro Constelação Familiar, Espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Franco, no artigo “Família em Plenitude”:

Assim sendo, não se pode descartar a ausência de uma conduta espiritual no lar, de um nobre comportamento religioso, sem fanatismo, libertador, tolerante, entre os seus diversos membros, que sempre terão a quê recorrer, quando nos momentos difíceis ou nas situações penosas da vida terrestre.”
“Atingindo, desse modo, a situação de harmonia e de entrega dos filhos à sociedade, a família, alcançando a plenitude, torna-se modelo que servirá de estímulo para outros grupos humanos que se atormentam nas lutas diárias do lar, explodindo nos conflitos sociais das ruas e das comunidades por falta da harmonia que a educação moral e intelectual bem conduzida consegue realizar.”
“Bem-aventurado o arquipélago familiar onde Deus reúne os espíritos para a construção do amor universal, partindo do grupo consanguíneo, no qual predominam os impositivos da carne, para a expansão da solidariedade, do respeito, da harmonia e da verdadeira fraternidade entre todos os seres humanos!”

Cabe a reflexão:

“Enquanto família, consanguínea ou universal, cumprimos ou não os propósitos Divinos?”

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Dai de graça o que recebeste de graça.



Meus irmãos há muito venho me questionando sobre a prática da mediunidade em busca de benefícios pessoais ou até mesmo no propósito da auto divulgação.

Evidentemente que o nobre codificador não poderia deixar de nos abastecer com orientações neste contexto, visto que o próprio Jesus nos traz em suas passagens, quando de suas instruções aos discípulos, a forma correta de se comportar em torno deste assunto, a saber:

Está no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 26: Dai gratuitamente o que recebeste gratuitamente.

No item 1 temos: "Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente." (Mateus, 10:8)

O Dom de curar é um ato divino, concedido por Deus àqueles que priori deveriam utilizar esta divina sensibilidade para o restabelecimento do equilíbrio psíquico/físico/espiritual aos que de alguma forma possam estar em estado de desarmonia. Daí a orientação do Mestre Jesus, conforme descrito por Mateus.

Acrescenta Alan Kardec em sua apreciação sobre esta passagem bíblica:

Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente, disse Jesus a seus discípulos. Por este ensinamento recomenda não cobrar por aquilo que nada se pagou; portanto, o que tinham recebido gratuitamente era o dom de curar as doenças e de expulsar os demônios, ou seja, os maus Espíritos; esse dom lhes havia sido dado gratuitamente por Deus para o alívio dos que sofrem, para ajudar a propagação da fé, e lhes disse para não fazerem dele um meio de comércio, nem de especulação, nem um meio de vida.”

Mas não satisfeito com o comportamento humano da época, que não nos parece distinto nos tempos de então, Jesus acrescenta mais ainda em torno deste tema:

“Disse em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Guardai-vos dos escribas que se exibem passeando em longas túnicas, que adoram ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas. Essas pessoas receberão uma condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45 a 47; Marcos, 12:38 a 40; Mateus, 23:14)”

A referência desta passagem bíblica faz alusão aos que se sentem revestidos do poder de curar, fazer orações ou afastar os demônios e com isso sentem-se vaidosos por tal ação e ainda acham-se no direito de cobrar como se este DOM seja propriedade exclusiva e com isso pensam poder gozar dos benefícios, em se destacando dos demais, como sendo alguém especial. Cuidado com o orgulho e a vaidade, estas duas máculas da sociedade!

Kardec Alerta:

“Exigir pagamento por orar a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado.”

“Como sabemos, Deus não cobra pelos benefícios que concede. Como pode alguém, que nem mesmo é o distribuidor deles, que não pode garantir sua obtenção, pretender cobrar por um pedido que talvez nenhum resultado produza?”

E mais um exemplo da índole e caráter de Jesus se mostra no texto seguinte:

Vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, tendo entrado no templo, começou a expulsar de lá os que vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos; e não permitiu que ninguém transportasse qualquer utensílio pelo templo. Também os instruiu ao dizer: Não está escrito que minha casa será chamada casa de orações por todas as nações? E, entretanto, fizestes dela um covil de ladrões. Os príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, procuravam um meio de prendê-Lo; pois temiam-No, uma vez que todos estavam tomados de admiração pela sua doutrina. (Marcos, 11:15 a 18; Mateus, 21:12 e 13).”

Jesus mostra claramente que não estava preocupado com o julgamento que fariam de suas atitudes neste caso. Ele deixa claro que a fé não é mercadoria, que o cuidar do próximo tem que ser um ato de Caridade, de benevolência e de entrega plena. Como então utilizar um local destinado à oração e encontro com Deus para fins escusos?!

“A cada um segundo suas obras! (Romanos 2:6)”

Mas e no que tange a Mediunidade? É certo utilizá-la como forma de auto promoção? É justo se sentir diferenciado por saber ter mediunidade, a possibilidade de se comunicar com os desencarnados, de perceber suas presenças e ainda assim utilizar este mecanismo como forma de ser gratificado, como forma de pagamento, para seu uso pessoal? O que dizer então daqueles que tem dons magnéticos e os utilizam para prejudicar o outro, para desequilibrar a vida de alguém apenas pelo fato de não gostar, de ter algum desentendimento?

Assim está no Evangelho Segundo o Espiritismo no texto “Mediunidade Gratuita”:

“Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé e não para venderem palavras que não lhes pertencem, visto que não são o produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre seja deserdado dela e possa dizer: Não tive fé, porque não pude pagá-la; não tive o consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles que  choro, porque sou pobre. É por isso que a mediunidade não é um privilégio, e se encontra por toda parte. Cobrar por ela seria desviá-la de seu objetivo providencial.”

“Quem conhece as condições em que os Espíritos bons se comunicam, a repulsa que sentem por tudo que é de interesse egoísta, e sabe quão pouco é preciso para os afastar, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores esteja à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão. O simples bom senso repele semelhante ideia.”

O destaque acima por si só já esclarece que a hipocrisia e a má conduta de alguns que utilizam a mediunidade de forma errada os afastam da assistência dos bons espíritos, pois somos uma forte energética e através de nós mesmos nos associamos aos bons, se formos bons, e aos maus, se o mal desejarmos.

Esclarecem mais os espíritos na codificação:

“Mediunidade séria não pode ser e jamais será uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo se assemelharia aos que leem a sorte, mas também porque um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é um dom essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois, para o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia lhe faltar no momento mais necessário.”

“Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure recursos em outros lugares, menos na mediunidade, e que apenas dedique a ela, se for o caso, o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifícios, enquanto se afastarão daqueles que esperam fazer da mediunidade um modo de subir na vida.”

O que nos falta então para agir conforme as orientações do Divino Mestre e dos Espíritos amigos?

Penso que a nossa conduta já define quem somos. Nossas atitudes, comportamentos, formas de agir e pensar.

Edgar Harmond no Livro Passes e Radiações afirma: 
“Referimo-nos aos esforços íntimos em relação aos hábitos, costumes, necessidades e outros aspectos da vida moral do indivíduo, destinados a mudar os seus sentimentos negativos, vencer vícios e defeitos, dominar paixões inferiores e conquistar virtudes espirituais, isto é, a reforma íntima.”

Devemos atentar constantemente para nossos hábitos e costumes. Observar se o certo que incutimos em nosso comportamento e forma de pensar é de fato o correto. Parar de agir como se nossas atitudes não refletissem sobre a vida dos outros. Combater o egoísmo, deixar de ser individualistas, arrogantes, orgulhosos e vaidosos.

Lembro então o Apóstolo Paulo: 
“Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também vos levará a praticar o bem, já que não basta uma virtude negativa: é necessária uma virtude ativa. Para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade; para não se praticar o mal, basta muitas vezes a inércia e a indiferença.”

E assim chancela a máxima que todo cristão deve perseguir e praticar constantemente:

“FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.”

É por isso que Jesus nos orienta “DAI DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE”.