domingo, 21 de agosto de 2016

Ação e Reação



Todos nós temos conhecimento da Lei de Newton que diz que “toda força que um corpo recebe é consequente na força que o outro aplicou”, ou seja, para toda interação, na forma de força, que um corpo A aplica sobre um corpo B, dele A irá receber uma força de mesma direção, intensidade e sentido oposto, o que nada mais é que toda ação remete a necessidade de uma reação imediata.
Em se falando da vida, em se falando do homem e em se falando de Deus, como seriam avaliadas e dimensionadas a “Reações” consequentes de “Ações” por cada ser provocadas? Como entender estas situações?
No Livro A Vida Escreve, texto “O Merecimento”, Conta o espírito Hilário Silva, através do médium Chico Xavier, uma situação que envolve o personagem Saturnino Pereira. Pessoa caridosa, amigo de todos no trabalho, sempre servil. Mas o destino o envolve num acidente no local de trabalho que surpreende todos, pois o generoso amigo não merecia;
Neste acidente Saturnino perdeu um polegar, mesmo com todo o braço ferido que ficara bom com o tempo.
Saturnino, espírita, depois do acidente, vai ao centro espírita que frequenta para reunião habitual, quando tem a seguinte informação do orientador espiritual:
“Quando você se preparava para a excursão no berço terrestre, programou experiências no caminho do reajuste, porém formulou uma sentença contra você; Há oitenta anos, era você poderoso sitiante  no litoral brasileiro e, certo dia, porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico”.
Por muito tempo, no plano espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas você, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Vem trabalhando, se esmerando no dever, lutando. E o plantio disso só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém que hoje, por débito legítimo, alijaria todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se meu amigo!
Veja como é serio o Juiz, chamado consciência. Saturnino não se perdoou, não aceitou o fato de ter sido mal para com seu próximo e pediu a expiação similar ao ato cometido, visto que pediu à misericórdia Divina a oportunidade de saldar em vida seguinte as dívidas de atitudes impensadas no mesmo padrão do ato cometido. Evidentemente que ficamos questionando tais atos...
E diante deste fato, até para que pensemos de forma maior, trago a seguinte descrição bíblica:
“Em Romanos 2 temos: Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.”
Não estamos isentos do jugo de Deus, mas muito antes do jugo do Pai temos o jugo de nossa própria consciência que irá nos acusar e muito dos erros cometidos.
E assim sendo Kardec nos traz orientações preciosas no Livro Céu e o Inferno, a seguir:
Capítulo XII – Código Penal da Vida Futura...
A felicidade é inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que possuímos;
Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da alma que se perca, mesmo para os mais perversos;
Visto que tais ações constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes;
Isto comprova o olhar de Deus sobre todos nós, encarnados e desencarnados, mas muito mais que um olhar de um Pai justo, percebemos a sua compaixão.
E para enriquecer nossas reflexões sobre o assunto, trago outro relato:
No Livro Ação e Reação do Escritor Espiritual André Luiz – Médium Chico Xavier, temos a história do paciente “Antônio Olímpio”, diz que por conta da ambição e na intenção de tomar posse de toda herança da família, elabora um plano criminoso para acabar com a vida de seus dois irmãos, Clarindo e Leonel. Convida-os para um passeio de barco, no lago do sítio da família, oferece-lhes um licor, já adicionado a um entorpecente, e dado momento quando percebeu a embriaguez de seus irmãos, fez o barco tombar, deixando-os morrer afogados. Saiu do lago e simulou aos gritos o acidente, herdando assim toda fortuna da família, passando a ser propriedade sua, de seu filho e mulher, que nada sabiam;
Ironia ou não do destino, que sabemos não há acaso, depois de anos passados, sua mulher foi acometida de grave doença, vindo a ficar louca e no mesmo lago do sinistro narrado afoga-se; A tristeza toma conta dele e com o remorso a acusá-lo sem esquecer o crime cometido, perde as forças e veio a desencarnar. Para sua surpresa, ao cerrar os olhos, seus irmãos que supunha mortos, surgem como vingadores, atirando-lhe o crime na cara, flagelando-o sem compaixão, conduzindo-o a tenebrosa turba, que permaneceu por muito tempo. Na sua consciência, em espírito, a culpa manteve-se, mesmo após o socorro para o hospital espiritual, onde afirmava: “Ai de mim... Estou preso a terrível embarcação...Quem me fará dormir ou morrer?"
Esta ultima frase do espírito Antônio Olímpio demonstra como é severa a nossa consciência. O peso da culpa nos persegue quando nossos erros nos acusam incessantemente.
E diante deste contexto, ficamos nos questionando: Como pode um irmão, por ambição, egoísmo, acabar com a vida de seus dois irmãos?! Que coisa horrível! Diríamos.
Não podemos deixar de considerar que como nós, Antônio Olímpio era um espírito encarnado revestido pelas mazelas que a matéria nos impõe como, por exemplo, o desejo exacerbado pelo poder, algo que nos cega e não nos permite perceber com clareza nossos erros, como neste caso.
E claro Kardec nos faz refletir trazendo no Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte:
Capítulo XVIII, item 16, temos: Procurai os verdadeiros cristãos e vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pode produzir maus frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos escolhidos.
Este texto remete a Parábola da Figueira seca, que tão bem conhecemos, mas muito mais que uma figueira, Jesus claramente se referia a nós que secamos nossos corações quando o encolerizamos com sentimentos que nos fazem muito mal como ódio, rancor, inveja, ambição. Precisamos aprender a equilibrar nossos sentimentos e desta forma nos aproximar da condição divina que Deus nos criou em espírito, visando a felicidade futura.
E mais uma vez no Livro o Céu e o Inferno, trago:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta, traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis. Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua felicidade futura.
Toda esta reflexão é muito importante visando o nosso equilíbrio, sem deixar de levar em consideração que devemos nos melhorar é nessa existência, haja vista que devemos nos assenhorar de tudo que somo capazes de fazer e reconhecer nossas fraquezas. Uma vez tomando conhecimento de tudo que somos capazes podemos, desta forma, evitar tomadas de decisões que podem comprometer toda uma vida onde para ela traçamos planos de felicidade e esta é a meta que devemos perseguir.
E para encerrar trago duas mensagens que nos fará buscar a plena paz:
“Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis que vos façam.”
“A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é a Lei da Justiça Divina.” 

Fernando Oliveira.


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