sábado, 14 de dezembro de 2013

A cada um é dado conforme suas obras

Jesus no Sermão da Montanha nos trouxe as Bem-Aventuranças, indicando-nos várias formas para aproximarmos de Deus.
Disse-nos que com a pobreza de coração herdaríamos o Reino dos Céus; que se chorarmos seremos consolados; que a mansuetude nos dará a Terra; que a fome e sede de justiça nos saciará; que para receber misericórdia teremos que ser misericordiosos; que sendo pacíficos seremos chamados filhos de Deus; e que a pureza de coração nos permitirá ver a Deus. (Mt. 5:6-10)
A vida em sociedade nos expõe a dilemas e conflitos cotidianos que nos compelem a tomar decisões, muitas vezes irrefletidas. Quando não avaliamos as nossas atitudes e pensamos exclusivamente em satisfazer o nosso ego, nossos desejos materiais e vontades, chegamos a cegar nossas vistas e obcecados pelo desejo de querer e ter, agredimos, ferimos, machucamos alguém, deixando sequelas muito grandes no coração do outro, mesmo assim, satisfeitos por conquistar algo mesmo que para tanto tivéssemos passado por cima de alguém.  Nas ruas, estamos sempre apressados e não olhamos do lado. Não temos tempo para observar o movimento das pessoas, se alguém estendeu a mão para um pedido para matar a fome. Desperdiçar energia com os miseráveis é perda de tempo! Alguns dizem! Se um dos princípios da lei divina é conviver em harmonia com o próximo e aprender a conviver com nossas limitações, esquecemos então das orientações do Mestre Jesus, conforme elencadas nas Bem-Aventuranças.
Em Romanos 2, temos algumas indicações do comportamento humano, mas lembrando nada que fazemos passa despercebido por Deus que é Justo e soberanamente bom. Diz assim: Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Mais adiante traz: Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.
No Livro dos Espíritos, Livro II questão 919, pergunta Kardec: Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida, e resistir aos arrastamentos do mal?
Responde Santo Agostinho: Já dizia um sábio, conhece-te a ti mesmo. “Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa, se a censurais em outrem, ela não poderia ser mais legítima em vós, porque Deus não tem duas medidas para a Justiça”
No Livro o Céu e o Inferno, Capítulo VII – As penas Futuras Segundo o Espiritismo, Código Penal da Vida Futura, temos: A felicidade é inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que possuímos; Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, visto que tais ações constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes; O espírito sofre, quer no mundo corpóreo, quer no mundo dos espíritos; A duração do castigo está subordinada a melhoria do espírito culpado;
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVIII, item 16, temos o texto Reconhece-se o Cristão pelas suas obras, que diz:
Basta trajar a libré do Senhor para ser fiel servidor? Basta dizer: “Eu sou Cristão”, para seguir Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pose produzir maus frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos escolhidos.
Na explicação deste texto o Espírito Simeão (Bordéus, 1863) nos diz que os frutos da árvore de vida são os frutos de vida, de esperança e de fé.
Paulo de Tarso na 1ª Epístola aos Coríntios nos traz o seguinte: Ainda quando eu falasse a língua dos homens, e mesmo a língua dos anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um bronze sonante, e um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom de profecia, penetrasse todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse toda fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse a caridade eu nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso não me serviria de nada.
A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a caridade.
Em outra passagem bíblica, Os fariseus, tentando testar Jesus perguntaram-lhe sobre qual o maior mandamento da lei, e Jesus lhes respondeu: Amareis o Senhor nosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma e de todo o vosso espírito, que é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos. (Mt. 22: 34-40)
Mas também diz que não entraremos no Reino dos Céus se não através dele. Lembrando-nos dos seus ensinamentos e da necessidade de segui-los.
Na Revista Espírita do ano de 1867 – Mês de Setembro, sobre O Caráter da revelação Espírita, item 23 tem a seguinte explicação:
A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo, de Moisés; o Deus cruel e implacável, que rega a terra com o sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, e que castiga aqueles que poupam as vítimas; já não é o Deus injusto, que pune um povo inteiro pela falta do seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere os filhos pelas faltas dos pais; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras. Já não é o Deus de um único povo privilegiado, o Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos; mas, o Pai comum do gênero humano, que estende a sua proteção por sobre todos os seus filhos e os chama todos a si; já não é o Deus que recompensa e pune só pelos bens da Terra, que faz consistir a glória e a felicidade na escravidão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura, mas, sim, um Deus que diz aos homens: “A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.” Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho, dente por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz: “Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.” Já não é o Deus mesquinho e meticuloso, que impõe, sob as mais rigorosas penas, o modo como quer ser adorado, que se ofende pela inobservância de uma fórmula; mas, o Deus grande, que vê o pensamento e que não se honra com a forma. Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.
 
Para encerrar, trago novamente o Livro o Céu e o Inferno, com o seguinte:
 
Apesar da diversidade de gêneros e graus de sofrimento dos Espíritos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta, traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis. Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
 
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua felicidade futura.
A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é a Lei da Justiça Divina.
 
Fernando Oliveira

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