Meus irmãos que as
bênçãos de Deus estejam conosco.
Gostaria de iniciar
esta palestra falando um pouco sobre a família e seu papel na sociedade.
Tive, em meio às
minhas pesquisas, a felicidade de localizar uma bela obra do Divaldo Pereira
Franco, denominada Constelação Familiar, de autoria de sua mentora espiritual
Joanna de Ângelis. Em 30 tópicos que vão dos primeiros passos do nascituro até
seu desfecho com a definição plena do que classifica como Constelação Familiar,
este nobre espírito, com tônica terapêutica, esclarece o papel da família na
sociedade. Diz no seu prólogo que no pequeno grupo doméstico inicia-se a
experiência da fraternidade universal, ensaiando-se os passos para os nobres
cometimentos em favor da construção da sociedade equilibrada.
Vejam que a nobre irmã
sugere de imediato um fator preponderante para o desenvolvimento psicossocial,
utilizando a expressão equilíbrio.
A família, diz ainda
Joanna de Ângelis, é a celular mestre da sociedade, pois é na família onde
aprendemos a nos preparar para a convivência em grupo. É na família onde
conhecemos os princípios básicos da convivência em sociedade. Na família onde é
construída a personalidade do ser humano.
Neste contexto,
podemos afirmar que sendo a família o resultado da união de duas pessoas para,
unidos pelo amor, este sentimento fraterno e sincero, dar-se início a concepção
de uma prole, de onde surgirão novos seres para aprender o verdadeiro
significado da vida.
Sendo assim, a
estrutura basilar da família são os pais, que tem plena e total
responsabilidade sobre seus filhos e por consequência o dever de criá-los
dignamente. Não basta apenas colocar no mundo. Tem que orientar, alimentar,
vestir, educar, exemplificar.
Somos todos espíritos
que participamos de um processo de desenvolvimento. E na condição de espíritos,
somos convidados por Deus para assumirmos algumas responsabilidades, visando
nosso crescimento e adequação às leis divinas. Neste cometimento, somos
convocados a receber em nossos elos familiares alguns espíritos já conhecidos,
alguns com muita necessidade da nossa guarda e proteção e outros nem tanto.
Precisamos ter
consciência desta responsabilidade que assumimos e, portanto nos fortalecer
através da fé. Resguardarmos de quaisquer sentimentos contrários ao amor, à
bondade e à paciência.
Daí a explicação
perene de algumas animosidades em família.
Se tivermos
consciência da importância que os laços familiares, que nos uniram, têm sobre
nossas existências, com o nosso desenvolvimento e amadurecimento espiritual,
por quais razões então não conseguimos nos resignar e nos fortalecer pelo maior
sentimento que deve nos unir: O AMOR?
O conjunto familiar é
constituído por vários componentes: pai, mãe, filhos, irmãos, avós, primos,
tios. Todos com sua parcela de contribuição e responsabilidade para a
manutenção deste equilíbrio tão bem elucidado por Joanna de Ângelis. E muitas
vezes alguns destes espíritos estão se reencontrando em processo expiatório, em
processo de corrigendas de vidas pregressas e isso pode, mesmo que
inconscientemente, reacender as chamas de conflitos e problemas não
solucionados.
Parece difícil
compreender com simplicidade tudo isso, mas então analisemos as causas dos
conflitos.
É possível que numa
família tenhamos pessoas com comportamentos e atitudes adversas e que
independente da formação educacional que cada um recebeu, através da
imprescindível orientação dos pais, sua forma de se relacionar seja discrepante.
E qual explicação para isso? Simples, somos espíritos e uma vez espíritos,
somos únicos e temos nossa própria natureza.
Do ponto de vista
espiritual, trazemos em nosso períspirito as lembranças das nossas vidas
passadas e daí a justificativa de muitas variações de comportamentos e, por
conseguinte, os conflitos entre os familiares.
Alguns espíritos
trazem, mesmo que inconscientemente, as recordações dos diversos desregramentos
que tiveram em outras vidas. E tentando recuperar o tempo perdido busca em nova
encarnação restituir as dívidas contraídas para com o próximo. Evidentemente
que nem todo espírito reencarnado está devidamente preparado para os devidos
ajustes. Muitos por fraqueza permitem a associação de outros seres do plano
espiritual, oferendo sintonia, permitindo que influenciem sobre suas atitudes e
comportamentos provocando os diversos distúrbios emocionais.
Com isso,
encontraremos pessoas que se deixam levar pelos prazeres equivocados das
drogas, do álcool, do sexo desregrado. Aumentando assim o seu compromisso com
seu ajuste moral.
É necessário que a
base familiar esteja muito bem preparada para suportar os diversos dramas que
estarão expostos.
A única forma mais
salutar de amenizar os conflitos familiares será sempre através do diálogo e do
amor. Não fugindo às vezes de algumas terapias complementares, que não devem
ser descartadas, entre um acompanhamento psicológico e a espiritualização do
ser.
Diz ainda Joanna de
Ângelis, no livro Constelação Familiar, que o exercício do evangelho no lar é
uma tônica importante para além de aproximar os espíritos, desenvolver o
equilíbrio de todos os membros da família. Complementa que um encontro semanal
para o estudo de evangelho, associado a uma conversação simples em torno dos
problemas e conflitos familiares, as dificuldades de relacionamentos, enseja em
saudável oportunidade para o bom desenvolvimento ético-moral, dirimindo
incompreensões e solucionando problemas.
Mas para tanto, como
bem mencionei no começo, a boa família começa com os bons exemplos dos pais,
associados aos comportamentos de outros membros que tem importância tanto e
quanto na estrutura familiar que sãos os avós e os tios. Claro que é descartável
falar que estes últimos não podem sob-hipótese alguma, desrespeitar ou
desabonar as decisões que os pais tomam sobre seus filhos e sim aconselhá-los e
orientar quando percebido o caminho tortuoso tomado.
Numa sociedade onde
tudo é possível, tudo é aceitável, os princípios éticos-morais e religiosos são
essenciais e os pais devem ter um canal livre de acesso aos filhos, construindo
suas personalidades de forma racional e coerente. Desde a concepção do filho, à
construção de sua personalidade, à orientação sexual, ao conhecer de suas
amizades, ao bom relacionamento com a vizinhança e a inserção do filho na
sociedade como um todo, é importante também que tenha abertura para falar sobre
assuntos como drogas e alcoolismo e seus riscos e por fim na fase adulta
mantendo a aproximação sempre orientando e amando incondicionalmente. Conduzindo
a educação desta forma, dificilmente os filhos serão vis à sociedade e muito
menos haverá indícios de problemas no relacionamento familiar.
A fé, mais que boa
conselheira, é formadora de confiança e fortalecimento para o enfrentamento dos
diversos problemas que uma sociedade desregrada oferece ao ser humano.
É pela afinidade de
pensamentos, de comportamentos, de atitudes que o espirito se fortalece, em
especial quando na família encontra todos estes aparatos.
Vejamos um trecho do
Evangelho Segundo o Espiritismo, que esclarece definitivamente esta questão:
“Não rejeiteis, pois, a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que vos
paga com ingratidão; Não é o acaso que o fez assim e que vo-lo deu”.
Isso tudo nos faz
refletir que o papel dos pais da concepção até o desencarne é contínuo e cada
traço, cada comportamento, cada acerto, cada erro, não são apenas
responsabilidades do espírito que o comete e sim também dos pais, pois de
acordo com a forma como os educou este será fruto de uma condução positiva ou
mal sã refletindo no seu relacionamento com o grupo social ao qual pertence.
Para finalizar, peço permissão
para aconselhar: cuidem de seus pares, cuide-se de si mesmo e daqueles que
necessitam de sua guarida, de seu apoio, de sua compreensão, de sua orientação.
Reflitam sobre os caminhos que seguiram, consertem os desvios, refaçam se
necessário o caminho de volta para seguir uma nova trilha para sua ascensão e
dos espíritos que se associaram a você, neste processo de resgate destinado a
plenitude e purificação do espírito.
Muita paz!
Fernando Oliveira