sábado, 23 de abril de 2011

Conflitos do coração, como orientar?

Certa vez tive oportunidade de realizar evangelho em lar de amigos, coincidência ou não o tema do evangelho era “Retribuir o mal com o bem”. Dizia o texto: “Amareis teu próximo e odiareis teu inimigo... mais adiante: Se amais somente teu próximo que méritos tereis? E por fim conclui: Quanto a vós, amai os vossos inimigos, fazei o bem a todos e emprestai sem nada esperar, e então a vossa recompensa será grande e sereis filho do altíssimo, porque ele é bom para os ingratos e mesmo para os maus. Sede, pois, misericordiosos, assim como vosso Deus é misericordioso” (Lucas 43 a 48 e 32 a 36).  
Dentro deste contexto, procurei inserir todos os presentes na discussão da mensagem e buscávamos sutilmente provocar as pessoas a dar seus depoimentos sobre o tema. Era de se esperar que todos se apresentassem com dificuldades de assumir o quanto é difícil amar alguém que por algum motivo tenha feito mal a si mesmo, fato este que se sucedeu. Entre um depoimento e outro ouvíamos: Não, eu não posso perdoar a quem me fez mal. Não posso perdoar a quem fez fofoca a meu respeito, não posso sentir amor por quem não gosta de mim.
De forma muito sábia no Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos uma rica explicação: “Amar os inimigos, portanto, não é ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato com um inimigo faz o coração bater de uma forma totalmente diferente da que ocorre ao contato com o amigo. Amar os inimigos é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é perdoar-lhes sem segundas intenções e sem restrições o mal que nos fizeram; é não colocar nenhum obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem em lugar do mal; é ficar alegre, em vez de triste, com o bem que lhes aconteça; é estender-lhes a mão para socorrê-los em caso de necessidade; é evitar, por palavras ou ações, tudo o que possa prejudica-los; é, enfim, retribuir-lhes o mal com o bem, sem intenção de humilhá-los. Aquele que assim proceder cumpre plenamente o mandamento: ‘Amai os vossos inimigos’”. Evangelho Segundo o Espiritismo-Capítulo XII, Item 3-Ultimo parágrafo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco.
Nesta noite as discussões sobre este assunto foram bem intensas, pois mexia com sentimentos guardados em vários corações que há muito se represaram e havia muita mágoa, dor e ressentimento. Transformar o ódio em amor é no mínimo difícil e graças as nossas imperfeições muitas vezes impossível, contudo como sobreviver bem se guardamos tanta amargura em nossos corações? Há que se compreender que a única forma de se melhorar é reconhecendo que em muitas vezes as causas dos nossos problemas e até mesmo conflitos com terceiros estão em nós mesmos. Precisamos refletir sobre nossas ações e verificar que de alguma forma provocamos, mesmo que não intencionalmente as pessoas ao ponto de as considerarmos nossas inimigas. Só há uma forma de amar o nosso inimigo é reconhecer que precisamos nos melhorar em atos e pensamentos e ter a dignidade do reconhecimento de nossos erros e por fim pedir perdão ao próximo por nossas atitudes impensadas, até mesmo inconsequentes.
Em nossos corações ainda teremos muitos conflitos a desvendar, muitas dores a curar, muitos sofrimentos a amargurar, mas que antes todos estes sentimentos sejam apenas nossos, jamais provocados por nós ao próximo, pois se assim o for de que forma devemos orientar nossas vidas? Reconhece em ti mesmo todas as suas falhas, torne-se melhor.
Por fim, não posso deixar de tecer o comentário seguinte: torne sua vida útil a si mesmo e ao próximo, aja sempre com respeito, demonstre dignidade em suas ações, dê-se ao respeito, ame incondicionalmente, tenha fé, pratique e professe sua fé, mas nunca espere receber em troca tudo isto que aqui descrevemos.
No livro Vinha de Luz encontramos a seguinte descrição:
Raríssimos são aqueles que, de interior purificado, podem servir ao Senhor, habilitados para as boas obras. Muitos ambicionam essa posição elevada, mas não cuidam de si mesmos. Reclamam a situação dos grandes missionários, exigem a luz divina, clamam por revelações avançadas, contudo, em coisa alguma se esforçam por se libertarem das paixões baixas.
Observa, pois, amigo, a que princípios serves na lida diária. Lembra-te de que o vaso de tuas possibilidades é sagrado. Que forças da vida se utilizam dele? Não olvides, acima de tudo, que precisamos da legítima purificação, a fim de que sejamos vasos para honra e idôneos para uso do Senhor. (Livro Vinha de Luz – Francisco Cândido Xavier – Psicografia do Espírito Emmanuel.)
Deixo aqui minha reflexão sobre este tema: Conflitos do coração, como orientar?.

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